Luciene Santos Telli

O professor Marcelo Knobel, docente do IFGW, é o novo diretor executivo da Academia Mundial de Ciências (The World Academy of Sciences - TWAS), entidade ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Ex-reitor da Unicamp, Knobel concorreu ao cargo com participantes do mundo todo. É a primeira vez que um cientista do Brasil assume a liderança da entidade, que fica em Trieste, na Itália. O mandato é de dois anos, período em que ele estará afastado das atividades no IFGW.

“Me sinto muito honrado com este novo desafio, sabendo que estou aqui representando o Brasil, a Unicamp e o IFGW. Tenho a alegria de trabalhar no prédio do ICTP, em Trieste, onde tantos colegas da Física já estiveram, e que tem uma rica atividade acadêmica e um ambiente de pesquisa muito intenso”, disse ele ao portal do IFGW. “A escolha do Prof. Knobel para esta posição tão importante é reflexo não só da trajetória profissional do docente, mas também da relevância da ciência brasileira, e da UNICAMP e IFGW em particular, para o cenário internacional e do sul global”, enfatiza a diretora do Instituto, a professora Mônica A. Cotta.

Knobel foi reitor da Unicamp entre 2017 e 2021. Destacam-se, em sua atuação, a ampliação do acesso de minorias à universidade, com a implantação das cotas étnico-raciais e do vestibular indígena, além da criação, em 2019, da Diretoria Executiva de Direitos Humanos, e a incorporação da Unicamp à Cátedra Sérgio Vieira de Mello, da Agência da ONU para refugiados. Um de seus grandes desafios foi enfrentar, à frente da reitoria, a pandemia da covid-19.

Segundo a Academia, “Knobel será responsável por fornecer liderança intelectual, estratégica e operacional, bem como o desenvolvimento, gerenciamento, planejamento e execução dos programas que alavancam a cooperação internacional para aumentar a força científica no Sul global”. Também ficará responsável por coordenar a Organização para Mulheres na Ciência para o Mundo em Desenvolvimento (OWSD) e a Parceria InterAcademia (IAP), uma rede global de mais de 140 instituições que atuam para capacitar cientistas, de países em desenvolvimento, a fornecerem consultoria independente nas áreas de ciência, tecnologia e saúde.

A Diretora-Geral Assistente de Ciências Naturais da UNESCO, Lidia Brito, observou que, pelo histórico como cientista, educador e defensor da comunicação científica, Knobel será ‘uma adição estelar à TWAS’. “Sua liderança visionária na Unicamp, Brasil, e seu compromisso em promover a colaboração científica internacional, sem dúvida, impulsionarão a missão da TWAS a novos patamares. Estou confiante de que, sob sua liderança, a TWAS continuará a capacitar cientistas no Sul global e a defender o poder transformador da ciência”, ressaltou a representante da UNESCO.

A Academia Mundial de Ciências foi fundada em 1983, por um grupo de cientistas italianos liderados pelo paquistanês Abdus Salam (1926-1996), ganhador do Nobel de Física. Tem, por missão, apoiar a expansão da ciência no sul global, e conta com o apoio do governo italiano. Atualmente, possui mais de 1.400 membros, 13 deles ganhadores do Nobel, representando 112 países - sendo 84% do chamado bloco de países em desenvolvimento.

Carreira extensa

Knobel fez a graduação e o doutorado no IFGW, e pós-doutorados na Espanha e na Itália. Ingressou na carreira docente ainda nos anos 90 e, atualmente, é professor titular do Departamento de Física da Matéria Condensada, onde atua na investigação experimental de materiais magnéticos nanoestruturados. Foi pró-reitor de Graduação de 2009 a 2013 e, em 2017, eleito o 12º reitor da Unicamp. É membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e reconhecido como uma referência na área da divulgação científica, tendo sido idealizador do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp e colaborado com o LABJOR (Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo) e com vários periódicos científicos. Em 2019, recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na categoria Pesquisador e Escritor. Também foi agraciado com o Prêmio Jovem Cientista da TWAS (América Latina e Caribe) e o Prêmio Zeferino Vaz da Unicamp. Recebeu, ainda, a insígnia de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, conferida pela Presidência da República.

(Com informações da TWAS, da Unicamp e da Plataforma Lattes. Crédito da foto divulgada neste portal: G.Ortolani/TWAS)