Encerrou-se na última sexta-feira a edição de 2018 da Escola de Inverno do IFGW. A Escola cujo tema foi “Cosmologia Observacional” aconteceu nas dependências do Ciclo Básico, na Unicamp, entre os dias 23 e 27 de julho.

As Escolas de Inverno ocorrem há mais de uma década e já viraram tradição no calendário do Instituto. Seus principais objetivos são oferecer formação complementar aos alunos de pós-graduação do próprio IFGW e divulgar o programa institucional de pós-graduação. Vários grupos de pesquisas já absorveram alunos de mestrado e doutorado que foram participantes das Escolas. “Os participantes entram em contato com os professores do Instituto e iniciam as conversas sobre as futuras possibilidades de ingresso no nosso programa de pós-graduação”, esclarece o Professor Marcos Cesar de Oliveira, Coordenador de Pós-Graduação do IFGW e idealizador das Escolas.

Desde a primeira edição, os temas das Escolas têm sido bastante abrangentes, cobrindo todas áreas do conhecimento do Instituto. Nos anos anteriores chegou-se a oferecer mais de uma Escola por semestre em diferentes temas. No ano passado, por exemplo, foram oferecidas duas Escolas. Pelo fato de se ter poucos recursos, as Escolas foram locais, ou seja, contaram apenas com professores do Instituto. Ainda assim a procura foi grande: cerca de 120 inscritos. Naquela ocasião, a participação de alunos externos foi pequena, mas as Escolas foram de grande importância para complementação do ensino porque os alunos fizeram cursos que nunca fariam numa pós-graduação convencional, uma vez que foram apresentadas diversas técnicas experimentais e também métodos teóricos.

Nas próximas edições, o IFGW optará por realizar apenas uma Escola temática por ano. “Neste ano tivemos 168 inscritos, o recorde das Escolas, porém, por conta de não termos tantos recursos disponíveis, pudemos atender 82 estudantes oriundos de diversas partes do Brasil”, comenta o professor Marcos. Ainda assim mais da metade dos inscritos receberam auxilio para estadia e alimentação provisionados pelo IFGW.  “Muitos participantes que estão no final da graduação ou em programas de pós-graduação com notas de avaliação da CAPES menores que 6 ou 7 não poderiam participar da Escola caso não pudéssemos subsidiar parte de suas despesas de viagens”, observa o professor. Marcos destaca que a edição deste ano foi duramente penalizada pelo fato da Universidade ter feitos cortes orçamentários em diversas áreas. Um exemplo disso foi o alto custo das refeições, que não permitiu subsidiar um número maior de estudantes. “Um dos objetivos de Escolas como esta é a divulgação do nome Unicamp como universidade de excelência para assim atrair bons alunos de pós-graduação. Para isso, gostaríamos de ter melhor subsidiado os participantes ou até termos contemplado mais participantes, não fosse o momento de restrição orçamentária”, desabafa o professor.

Para a Professora Flavia Sobreira, Coordenadora da Escola de Inverno 2018, o trabalho foi muito gratificante porque a Cosmologia Observacional é uma área nova dentro do Instituto e a ideia era divulgar a área para que os alunos conheçam as oportunidades de pesquisa aqui na Unicamp através de uma Escola de alto nível e com renomados professores internacionais. Ela organizou quatro cursos, cuja duração individual foi de seis horas, e uma palestra dentro da Escola de Inverno: estudos da energia escura e porque o universo está em expansão acelerada; estudos das estruturas em larga escala do universo e como pode-se testá-las; estudos de análises estatísticas desses testes; e de como realizar de fato as observações.

“Existem temas que, apesar de serem correlatos, nem sempre estão em contato. A técnica de se montar um telescópio, apontá-lo para o céu de maneira precisa, captar as imagens e o fazer ciência com o que foi observado são duas coisas que são naturalmente unidas, mas cujas análises são feitas por pessoas diferentes. Nesta Escola nós demos a oportunidade aos alunos de observarem, analisarem os dados e aprenderem as técnicas”, enfatiza a professora.

Aconteceu também uma palestra na qual foi apresentada a história desde o início até o estado-da-arte da área, o que foi de grande valia para os participantes. “Foi uma Escola densa e produtiva ao mesmo tempo. Tivemos uma sessão de pôsteres muito interessante. Alguns alunos fizeram avaliação para aproveitamento de créditos. Não só na minha avaliação, mas também na dos outros professores e na dos alunos, a Escola de Inverno foi um sucesso”, comemora Flávia.

O Professor Eusebio Sánchez, da Universidad Complutence de Madrid, pensa que esse tipo de Escola é muito importante na formação dos estudantes porque os coloca em contato com pesquisadores que estão trabalhando em experimentos e projetos da área. “Acredito que existem dois aspectos importantes que devo destacar com respeito à realização de Escolas como esta: primeiro porque os estudantes veem que nós somos pessoas normais, que trabalhamos fazendo ciência de boa qualidade, com paixão e afinco. Segundo porque eles se informam sobre o que estamos fazendo hoje em dia e isso permite que decidam se querem mesmo continuar na área, se querem realizar esse tipo de trabalho. Espero que tenhamos ajudado os estudantes nesses dois aspectos”, observa o professor Eusebio.

Para Adam Amara, professor do ETH de Zurique, na Suíça, os experimentos de cosmologia estão cada vez mais grandiosos e internacionais, e se abrem oportunidades para que muitos pesquisadores se envolvam, uma vez que esses experimentos são extremamente complexos para que um único grupo trabalhe. “Problemas interessantes e importantes precisam ser solucionados, e ter grupos de pesquisa que desenvolvam expertise nessas áreas aqui na Unicamp e no Brasil faz com que novas oportunidades de colaborações internacionais apareçam. Num mundo de pesquisas globalizado no qual estamos vivendo, se o aluno tiver uma boa base científica em física e se souber programar computadores, ele poderá dar grandes contribuições para o desenvolvimento da ciência e para solucionar essas importantes questões. Escolas como essa só ajudam no processo”, enfatiza Adam.

A participante Mônica Tergolina, de Porto Alegre – RS, iniciou seu mestrado em astrofísica no começo desse ano na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Eu e minha orientadora estávamos pesquisando quais cursos ou Escolas que aconteceriam agora nas férias de julho, uma vez que vou começar a trabalhar com lentes gravitacionais. Vimos o programa da Escola e pensamos que seria uma boa oportunidade para que eu aprendesse bastante”, conta Mônica. Na opinião de Mônica, os cursos e palestra realizados durante a Escola foram muito importantes na sua formação porque os professores entendem muito dos assuntos e fizeram questão de começar do nível básico e caminhar até o avançado, proporcionando um nivelamento de conhecimentos. “Imagino o meu futuro como professora e pesquisadora dessa área. Trabalharei duro para chegar lá”, finaliza entusiasmadamente a aluna. Mônica recebeu auxilio do IFGW, que cobriu boa parte dos custos da viagem e estadia.

Pedro Rangel Caetano, mestrando em cosmologia observacional no IFGW, acredita que a Escola de inverno lhe proporcionou informações muito relevantes sobre o campo de estudos e pesquisas da área, e comenta: “A Escola também me posicionou sobre quais são os problemas mais importantes, porque quando se estuda localmente fica difícil realizar conexões. Assistir ao programa da Escola me colocou junto com os pesquisadores, me fez sentir como se estivesse dentro dos experimentos, respondendo às grandes questões do momento. Os professores foram extremamente didáticos e motivadores”.

A Coordenadoria de Pós-Graduação do IFGW agradece o empenho e dedicação da professora Flavia Sobreira, coordenadora da Escola de Inverno 2018, aos professores Pascoal Pagliuso e Mônica Cotta pelo apoio financeiro e aos servidores da pós-graduação do Instituto pelo trabalho de organização logística da Escola. O agradecimento da professora Flavia Sobreira vai para os todos professores que participaram e para a coordenação e servidores da pós-graduação do IFGW.

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