Física para Curiosos: sucesso na segunda palestra proferida pelo Prof. Brito
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Curiosos de todas as tribos – estudantes de graduação e pós, professores e pesquisadores, e pessoas da comunidade externa – lotaram o auditório do IFGW na última sexta-feira, dia 04/05, para assistirem ao segundo colóquio do evento Física para Curiosos, ministrado pelo Prof. Carlos Henrique de Brito Cruz.
Brito versou sobre o tema “Como o progresso da ciência e da pesquisa beneficia a sociedade?” mostrando casos brasileiros de sucesso. Na introdução Brito apresentou o benefício que considerou principal: o aumento da expectativa de vida. Durante toda a história esse número passou de pouco menos de 30 anos para quase 90 anos. “Quem não quer viver mais e melhor? Na antiguidade as pessoas morriam de doenças que hoje representam um percentual baixíssimo das mortes devido ao fato da ciência ter avançado no desenvolvimento de fármacos para combate ou vacinas para prevenção. Os pesquisadores da área de medicina preveem que quando encontrarem maneiras de controlar melhor a hipertensão, a expectativa de vida humana deve subir para mais de cem anos ficando limitada pelos desgastes naturais e envelhecimento dos órgãos”, explica Brito. A ciência faz progressos e muitas vezes não apenas benefícios são apresentados. Criam-se novos problemas que precisam ser resolvidos. Por exemplo, o aumento da expectativa de vida carregou consigo perguntas de como criar maneiras de lidar com a produção de alimentos, energia, sistemas de saúde e previdência social para que a humanidade, agora em número bem maior, tenha uma qualidade de vida mínima e aceitável.
Em seguida o professor apresentou as áreas nas quais o Brasil é destaque mundial no desenvolvimento da pesquisa e ciência: energia, aeronáutica, alimentos, saúde, e meio ambiente. Começando pela área de energia explicou que um dos pontos fundamentais da sociedade é ter acesso à energia. “Uma boa parte das conveniências que temos na nossa vida dependem de energia: transporte, produção de alimentos e bens etc. Então a capacidade de um país em produzir energia é fundamental para garantir acesso a melhores condições de vida. Precisamos produzir energia de maneira que a emissão de gás carbônico seja minimizada”. Com o desenvolvimento da Bioenergia o Brasil se tornou o único país industrializado que não depende do petróleo para mover sua frota de veículos leves, e ainda com índices mínimos de emissão de gás carbônico. “Isso se tornou tão corriqueiro para nós brasileiros que nem paramos para pensar que isso é uma conquista da nossa pesquisa: somos o mais eficiente produtor de etanol do mundo, detemos 30% de toda a produção mundial e ainda temos mais de um milhão de veículos ‘flex-fuel’, representando 95% das vendas. Então ficamos praticamente independentes do petróleo e ainda por cima com baixa emissão de CO2. Quase ao mesmo tempo, engenheiros, físicos e geólogos brasileiros descobriram que temos bacias imensas de petróleo localizadas em águas marítimas profundas e desenvolveram tecnologia para retirar o óleo e o gás de lá. Essa é uma outra conquista da pesquisa científica brasileira que nos tornou autossuficientes”, comemora Brito. Finalizou esta parte comentando que o Brasil e mais outros três países têm mais de 40% de sua base energética em energias renováveis. No nosso caso temos como principal fonte a cana de açúcar que teve sua produção incrementada e otimizada graças ao esforço de cientistas e pesquisadores da área.
Na área de aeronáutica mostrou dois artigos científicos de 2004 publicados por pesquisadores do ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica – nos quais estudaram simulações de fluxo aerodinâmico e de equações diferenciais complicadas para fluxos de ar em velocidades maiores que a velocidade do som. “Eles estavam estudando esse tema porque estavam ajudando a Embraer na produção de um avião de cem lugares que é o mais vendido do mundo e está na sua segunda versão. Essa pesquisa ajuda a Embraer ser a terceira maior empresa na sua área no mundo e gera mais de 15 mil empregos. É um exemplo claro de parceria entre universidade e empresa, uma vez que os pesquisadores da empresa participam dos grupos de pesquisa nas universidades porque conhecem muito do processo de fabricação e tem total interesse no desenvolvimento de nova técnicas para aplicação nos seus aviões”, observa Brito.
No tocante a alimentos o professor mostrou que de 2006 a 2010 o rendimento da agropecuária cresceu mais que 4% ao ano no Brasil, sendo o maior índice mundial. “Não cresceu porque o Brasil tem mais terras para cultivo, mas porque tem mais pesquisa, ciência e tecnologia envolvida na utilização da terra, tornando a produção mais eficiente: melhorias no consumo de insumos e adubos, economia de água, plantação nas distâncias corretas etc. Como consequência direta, os dados mostram que os preços dos alimentos vêm caindo desde 1974”, comenta Brito.
Na área da saúde o professor mostrou um artigo científico no qual os pesquisadores mostram o uso de biomarcadores personalizados e biopsias líquidas para monitorar a resposta no tratamento e a recorrência em casos de câncer retal, depois que foram realizados os tratamentos de químio ou radioterapias. “Trata-se de casos nos quais o paciente faz o tratamento e o tumor diminui o suficiente para não ser mais detectado por exames convencionais de imagem, mas isso nem sempre quer dizer que o tumor não esteja mais instalado. Então a pesquisadora pensou que pudesse verificar semanalmente alguns parâmetros no sangue do paciente – os tais biomarcadores - que pudessem mostrar a reincidência do tumor cerca de um ano antes da detecção convencional por imagens. Quando os médicos veem as possibilidades da recorrência com esse tempo de antecipação, mudam-se as formas de tratamento e prevenção da doença. O artigo foi publicado em 2015 e desde então esses exames de sangue fazem parte do protocolo obrigatório de tratamento do hospital Sírio Libanês em São Paulo. É um benefício direto entre pesquisa e expectativa de vida do paciente”, relata o professor. Em um outro caso, mostrou um artigo de pesquisadores da USP no qual o vírus Zika foi injetado em cérebro de ratos com um tumor chamado glioma, que em crianças mata na grande maioria dos casos. O vírus literalmente destrói todo o tumor sem atacar as células sãs em um tempo muito curto. “Obviamente não foi ainda testado em humanos, mas é muito promissor”, comemora. Mostrou ainda uma capa da revista Science com a pesquisa de um grupo da USP com a criação de método para definir em menos de duas horas com qual vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypt o paciente está infectado – tipos de dengue, zika ou chicungunha. “Imaginem a quantidade de diagnósticos precoces com tratamentos certeiros poderão ser realizados?”, exemplifica Brito.
Na sequência o professor se entusiasmou ao falar sobre o pesquisador brasileiro participante da pesquisa colaborativa do SOAR - Southern Astrophysical Research Telescope – localizado no Chile, que foi o primeiro a detectar a explosão de uma supernova há treze bilhões de anos. O outro exemplo foi de um pesquisador brasileiro que propôs uma teoria da arqueologia que define como os homens migraram para o continente americano. “ Esses dois exemplos mostram que os brasileiros estão envolvidos em pesquisas que ainda estão em discussão no mundo, em áreas onde ainda existem muito mais perguntas do que respostas”, esclarece o professor.
Brito também falou sobre o balanço entre as pesquisas para se formar um estoque de conhecimentos e as pesquisas que podem ser aplicadas imediatamente. “O grande desafio é saber como realizar fomento nessas frentes e com isso fazer a ciência brasileira progredir e auxiliar na qualidade de vida de nosso povo”. Mostrou exemplos de empresas novas em todas as áreas e que foram criadas por pesquisadores de Universidades através de programas de fomento para startups: são 454 empresas, com mais de 21 mil empregos e com receita anual de 3 bilhões de reais. “É ou não é para se comemorar o feito de todos esses brasileiros que há menos de vinte anos estavam por aí fazendo listas de exercícios como tantos de vocês”, finaliza Brito.
Depois de responder a várias perguntas da audiência o professor finalizou agradecendo o convite e parabenizando os organizadores pela iniciativa de mostrar o mundo da Física para todos os curiosos interessados.
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