IFGWInstituto de Física Gleb Wataghin

Grupos de Pesquisa

Grupo de Física Hadrônica (GFH)

Objetivos

Estudo dos aspectos experimentais, teóricos e fenomenológicos das interações hadrônicas em altas energias.

Linhas de Pesquisa

  • QCD não-perturbativa e as Equações de Schwinger-Dyson (A.C. Aguilar)

    Em preparação

  • Estudo de interações hadrônicas a altas energias a partir de resultados de experimentos com raios cósmicos e em aceleradores, e de simulações de Monte Carlo baseadas em modelos teóricos (C.D. Chinellato, J.A. Chinellato)

    Em preparação

  • Física Nuclear de Altas Energias (J. Takahashi, G. Torrieri, D. D. Chinellato)

    O principal objeto de estudo da física nuclear de altas energias é o que acontece com a matéria quando sujeita a condições extremas. Para conseguir chegar nestas condições extremas, são utilizados aceleradores de partículas que aceleram núcleos inteiros de átomos, como ouro ou chumbo, formados por dezenas de prótons e nêutrons. Para acelerar estes núcleos, é conveniente utilizar átomos totalmente ionizados, ou seja, átomos sem elétrons. É por isso que essa área de pesquisa é chamada de “colisões de íons pesados relativísticos” quando lidamos com altíssimas energias.

    Uma vez que estes íons se chocam, acredita-se que, durante a colisão, as partículas que compõem prótons e nêutrons, que são quarks e glúons, é que ditarão a dinâmica do sistema. Assim, seria formado um novo estado da matéria que possui uma densidade de energia enorme e que é chamado de plasma de quarks e glúons – ou, do inglês, Quark-Gluon Plasma (QGP). Após os instantes iniciais da colisão, o plasma então se resfriará e quarks e glúons não serão mais encontrados independentemente, mas sim novamente em estados ligados de quarks e glúons, como prótons, píons, etc.

    Esquema de uma colisão entre dos núcleos atômicos a velocidades próximas da luz

    Esquema de uma colisão entre dos núcleos atômicos a velocidades próximas da luz. Inicialmente, eles parecem achatados porque, a essa velocidade, entram em ação fenômenos da relatividade que alteram o espaço e o tempo. No final, grande número de partículas é produzida. Fonte: Dissertação de mestrado de Geraldo Magela Severino Vasconcelos, IFGW/Unicamp (2008), pág. 11. Figura adaptada da tese de PhD de R. Sahoo, Utkal University (2007).Veja também a animação no site do grupo Alice.

    Obter as condições necessárias para a criação do QGP não é tarefa simples. Para realizar tal feito, é necessário fazer uso de máquinas que sejam capazes de acelerar íons pesados até energias bastante elevadas: apenas um núcleo de chumbo acelerado pelo maior acelerador de partículas do mundo, o Large Hadron Collider, possui uma energia cinética equivalente a uma bolinha de pingue-pongue que viaja a uma velocidade (já macroscópica!) de 36cm/s. No mundo moderno, há dois principais aceleradores nos quais ocorrem colisões de íons pesados: o “Relativistic Heavy Ion Collider” (RHIC), localizado em Brookhaven, nos EUA, e o “Large Hadron Collider” (LHC), no CERN, em Genebra. Nestes aceleradores estão montados dois grandes experimentos que são dedicados ao estudo do QGP: o experimento STAR (“Solenoidal Tracker at RHIC”) e o experimento ALICE (“A Large Ion Collider Experiment”, montado no LHC).

    Foto do experimento ALICE

    Foto do experimento ALICE, montado em uma caverna a cerca de 50 metros de profundidade em Genebra, na Suíça. Os detectores centrais do experimento estão contidos dentro de um grande imã que pode ser visto em vermelho nesta foto. Para mais informações, veja http://aliceinfo.cern.ch/Public/Welcome.html.

    No grupo de física hadrônica, há participação direta no experimento ALICE pelos professores Jun Takahashi e David Chinellato. Mais especificamente, do ponto de vista da física do QGP, é estudada a produção de quarks estranhos, que são quarks de um dos quatro tipos de quarks que não podem ser encontrados facilmente na matéria usual. Isso porque sabe-se que existem seis quarks no total: o quark “up” (u), o quark “down” (d), o quark “strange” (s), o quark “charm” (c), o quark “bottom” (b) e o quark “top” (t), sendo que partículas comuns como prótons e nêutrons são basicamente apenas compostos por quarks u e d. Portanto, o quark estranho, quando observado, é criado em pares quark-antiquark na interação sendo estudada. Uma das previsões mais importantes a respeito do QGP é justamente que, nestas condições extremas, seria observado um aumento significativo na produção de estranheza. O grupo de física hadrônica vem participando sistematicamente das medidas de estranheza do ALICE.

    Além das medidas, é feito também trabalho fenomenológico com a ideia de estudar e entender os mecanismos fundamentais que levam ao aumento de estranheza que se observa. Para isso, são estudados muitos modelos de produção de partículas, que incluem até mesmo a evolução hidrodinâmica do plasma de quarks e glúons, na qual é assumido que este plasma sofre expansão coletiva, como se fosse um líquido. Este trabalho complementar é também muito importante, porque é nesta interface entre experimento e teoria que pode ser obtido um direcionamento a respeito da pesquisa como um todo.

    Vídeo de vista aérea do experimento ALICE feito utilizando um drone. (Video ©CERN on behalf of the ALICE experiment).

  • Fenomenologia dos Espalhamentos Elástico e Difrativo de Hádrons em Altas Enegias (M.J. Menon)

    Em preparação

Grupo de Neurofísica (GNF)
Grupo de Neurofísica (GNF)

O Grupo de Neurofísica investiga a dinâmica cerebral por meio de técnicas como a ressonância magnética (RM), a eletroencefalografia (EEG), a tomografia ótica (TO) e a tomografia computadorizada por raios X (TC). A ideia é estudar tanto a condição cerebral normal quanto a patológica, a fim de se compreender melhor as estruturas e funções cerebrais.

Embora as patologias estudadas sejam variadas, o foco está nas epilepsias, por causa do seu potencial para a investigação científica, - a investigação de suas causas pode fornecer elementos importantes para a compreensão do funcionamento do cérebro -, da quantidade de pesquisas feitas sobre o tema e da sua atualidade científica. O termo “epilepsia” refere-se, na verdade, a um conjunto amplo de dezenas de quadros clínicos com muitas características diferentes (e que nem sempre incluem as famosas “crises”).

Assim, a principal linha de pesquisa do grupo consiste em combinar as técnicas mencionadas no início deste texto - ou seja, fazer uma abordagem multimodal. Isso permite extrair distintas informações da dinâmica cerebral, tanto em situação normal quanto patológica. Cada uma dessas técnicas utiliza-se de princípios físicos específicos, o que possibilita múltiplas formas de interação com o tecido cerebral, permitindo extrair do cérebro informações anatômicas e funcionais; estáticas e dinâmicas; elétricas, hemodinâmicas (relacionadas com o fluxo sanguíneo) e metabólicas.

Para realizar essas pesquisas, o grupo interage principalmente com pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (por meio do Departamento de Neurologia e do Laboratório de Neuroimagem), do Instituto de Computação e da Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp. Há ainda articulação estreita com a Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisas sobre o Cérebro (CInAPCe), que envolve Unicamp, USP, Unifesp e o Hospital Israelita Albert Einstein.

As técnicas e os métodos

Grosso modo, podemos dividir os estudos e técnicas desenvolvidos pelo grupo em anatômicos e funcionais.

Os estudos anatômicos consistem em realizar análises matemáticas de imagens da anatomia cerebral (obtidas com ressonância magnética ou com tomografia por raios X), para descobrir como se pode distinguir as diversas situações patológicas – ou seja, que parâmetros no cérebro se devem observar para se conseguir distingui-las.

Já nos estudos funcionais, o objetivo geral é acompanhar os processos dinâmicos que ocorrem no cérebro, decorrentes de algum processamento cognitivo, sensorial ou motor. As duas abordagens estão interligadas: por exemplo, as imagens anatômicas também servem de referência para os estudos funcionais.

No caso dos estudos funcionais, os equipamentos usados são capazes de obter três tipos de sinais (ou seja, informações):

  • elétricos (dos impulsos nervosos), coletados pela eletroencefalografia;
  • hemodinâmicos (relacionados à corrente sanguínea), coletados pela tomografia ótica e pela ressonância magnética funcional;
  • metabólicos (relacionados à neuroquímica cerebral), coletados pela espectroscopia por ressonância magnética.

Com esses sinais, pode-se montar mapas funcionais, que indicam o que está acontecendo em cada momento no cérebro em termos de impulsos nervosos, de circulação sanguínea e de concentração das diversas substâncias que participam do metabolismo cerebral (os metabólitos).

A ressonância magnética

ressonância magnética

A ressonância magnética permite a obtenção de imagens de diversas seções do corpo, como as três indicadas acima.
Fonte: Tese de doutorado de Rickson Coelho Mesquita, IFGW/Unicamp (2008), pág. 8

O método mais usado no grupo é o da ressonância magnética (RM), cujo aparelho encontra-se no Hospital de Clínicas da Unicamp. Isto porque a RM é uma técnica muito versátil que permite diversos tipos de abordagens, além de fornecer informações sobre a estrutura (as imagens anatômicas, como normalmente se vê em hospitais – vide figura acima) e sobre a dinâmica cerebral (os mapas funcionais).

A RM também permite obter informações sobre a composição química dos tecidos (por meio da espectroscopia por ressonância magnética) e, mais recentemente, mapear as fibras nervosas cerebrais através de uma técnica conhecida como DTI (“Diffusion Tensor Imaging”, Imagem por Tensor de Difusão).

Outras técnicas

Outro método para estudar o cérebro, além da RM, é o da tomografia ótica. Neste, incide-se luz sobre o couro cabeludo. A luz é de uma frequência para a qual a matéria orgânica é parcialmente transparente (está na faixa do infravermelho próximo da luz visível). Assim, a luz penetra no cérebro e difunde-se nele, sem causar danos. Difundindo-se em todas as direções, uma parte da luz acaba alcançando novamente o couro cabeludo e é então captada por detectores de fótons (veja a figura ao lado). Essa luz que entra e sai traz informações sobre a oxigenação do tecido cerebral até uma profundidade de cerca de 2 centímetros, suficiente para se estudar o córtex.

Também são usadas combinações dos três tipos de equipamentos (eletroencefalografia, ressonância magnética e tomografia ótica). São o que se chama “métodos multimodais”. Desde 2005, o grupo trabalha com uma associação dos dois primeiros equipamentos, chamada EEG-fMRI (o “fMRI” é de “functional Magnetic Ressonance Imaging”, Imagem por Ressonância Magnética Funcional). A ideia é explorar a complementaridade dos dois métodos associados. Primeiro, porque o EEG possui boa precisão temporal (informa bem em que momento os fenômenos acontecem), mas pouca precisão espacial (informa mal em que parte do cérebro eles acontecem), enquanto a fMRI tem as características contrárias. E segundo, porque a EEG capta sinais elétricos e a fMRI, hemodinâmicos.

Como funciona a tomografia ótica

Como funciona a tomografia ótica: a luz que entra no córtex, ao difundir-se, pode voltar para o detector, como acontece com os caminhos vermelho (c) e azul (a).
Fonte: Tese de doutorado de Rickson Coelho Mesquita, IFGW/Unicamp (2008), pág.26.

Com exceção do equipamento de RM, os demais são protótipos. Pesquisas científicas são muitas vezes feitas com instrumentos parcialmente artesanais (quando não totalmente), pois devem ser adequados aos propósitos específicos da investigação. Contudo, através do Programa CInAPCe, o Grupo de Neurofísica tem um convênio com a Philips, pelo qual os membros do grupo têm total acesso ao funcionamento detalhado do sistema de RM, de forma que novos métodos, processos e equipamentos possam ser desenvolvidos, produzindo inovação tecnológica.

Novos desafios

Duas ideias para os próximos passos são (1) construir modelos teóricos do funcionamento do cérebro com base nos resultados desses estudos e (2) adaptar outras combinações dos três métodos principais. No momento, o grupo está aperfeiçoando a combinação do EEG com a tomografia ótica (EEG-NIRS, de “Near-Infrared Spectroscopy”, Espectroscopia no Infravermelho Próximo). Pensa-se também em combinar os três: o EEG, a ressonância magnética e a tomografia ótica. A construção de modelos teóricos baseados nos resultados dessas investigações também é um desafio futuro do grupo.

História do Grupo

O Grupo de Neurofísica surgiu articulado com a Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisas sobre o Cérebro (CinAPCe). Esta cooperação surgiu de interesses em neurociência de pessoas do Instituto de Física da Unicamp, como Roberto Covolan, atualmente líder do Grupo de Neurofísica, e também do interesse do grupo do Laboratório de Neuroimagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, em criar um programa multicêntrico de pesquisa multidisciplinar na área de neurociências. As conversas começaram no fim dos anos 1990, entre Covolan e Fernando Cendes, da FCM. A articulação incluiu também Li Li Min e Mário Saad, da FCM, e Carlos Henrique de Brito Cruz, do Instituto de Física.

Quando ficou claro que o CInAPCe estava com programas de financiamento solidamente estabelecidos, Covolan e Gabriela Castellano, outra cientista incluída no grupo, passaram a aceitar orientandos, a partir de 2004 e 2005. Pouco tempo depois, a criação formal do grupo foi proposta para a direção do Instituto de Física.

O Grupo de Neurofisica é hoje o veículo institucional pelo qual o Instituto de Física da Unicamp se insere no Programa CInAPCe. Muitas das suas pesquisas são feitas em conexão com os estudos dessa Cooperação. O grupo foi o primeiro do Brasil a utilizar métodos óticos (NIRS) e a técnica conjugada EEG-fMRI (esta em colaboração com o Laboratório de Neuroimagem) em estudos funcionais do cérebro.

Saiba mais

Imagens do cérebro em ação - Ciência Hoje 197 (2003)

Técnicas de processamento de imagens por tomografia computadorizada - ComCiência, 10/06/2009>
http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=47&id=589

CInAPCe - Projeto multi-modal para o estudo do cérebro - ComCiência, 10/07/2002
http://www.comciencia.br/reportagens/epilepsia/ep23.htm

Grupo de Raios Cósmicos (GRC)
Grupo de Raios Cósmicos (GRC)

O Grupo de Raios Cósmicos do DRCC se ocupa de estudos e pesquisas sobre os Raios Cósmicos, em especial os de altíssimas energias. Estuda novas gerações de detectores para esses raios cósmicos. Estuda também os detectores de superfície do Observatório Pierre Auger. O grupo tem estreita interação com o Observatório.

Linhas de pesquisa:

  • Nova geração de detectores de múons RPC para medida de raios cósmicos de altíssima energia com grande precisão.
  • AugerPrime: Extensão do alcance dinâmico dos detectores de superfície do Observatório Pierre Auger.
Grupo de Gravitação e Cosmologia (GGC)
Grupo de Gravitação e Cosmologia (GGC)

O Grupo de Gravitação e Cosmologia realiza estudos e pesquisas sobre os seguintes temas: energia escura, levantamentos fotométricos, estrutura em grande escala do universo, oscilações acústicas bariônicas e aglomerados de galáxias. É chefiado pela profa. Flávia Sobreira e foi criado em 2017, quando a Profa. Sobreira ingressou no IFGW. O Grupo participa do LIneA – Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia e nas colaborações científicas Dark Energy Survey, Sloan Digital Sky Survey – IV e Large Synoptic Survey Telescope.

Grupo de Magnetismo Fundamental e Aplicado (GMFA)
Grupo de Magnetismo Fundamental e Aplicado (GMFA)

Linhas de pesquisa:

As linhas de investigação do grupo centram-se no magnetismo, tanto fundamental quanto aplicado. Em particular, nos concentramos em fenômenos magnéticos de sistemas nanoestruturadas. Propriedades magnéticas emergentes em nanosistemas complexos compostos por vários elementos, do nanoparticulas tipo “core@shell”, “dumbell-like” etc. Estamos interessados em aplicações tais co mo magneto-hipertermia ou outras aplicações de nanopartículas complexas magnéticas. Nosso grupo faz uso de diferentes técnicas de síntese (química e física) e caracterização convencional ou utilizando técnicas de luz síncrotron (SAXS, XANES, EXAFS, XMCD, etc). Um dos nossos principais interesses, no que refere a técnicas de caracterização, é o desenvolvimento de técnicas por microscopia eletrônicas de transmissão para o estudo de materiais magnéticos nanométricas.

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